Gaza tinha um governo, que com defeitos, corrupção ou não, era um governo legitimamente reconhecido e que não lutava pelo fim do Estado de Israel e sim pela formação e reconhecimento de dois Estados, o de Israel e o Palestino. A frente deste governo estava a Autoridade Palestina, que tinha com o suporte militar a al_Fatah, movimento nascido pelas mãos do herói palestino Yasser Arafat.
Entretanto, nunca interessou aos 'falcões' israelenses a existência de um Estado Palestino e então eles, tolamente, acreditaram que fortalecendo, financiando e armando o principal rival da Autoridade Palestina e da Fatah, que era o Hamas o problema estaria resolvido e o Hamas sempre seria grato e até subserviente a Israel.
A rivalidade entre as principais facções políticas palestinas atingiu um ponto de ruptura em junho de 2007, quando o Hamas e a Fatah - principal rival político interno do grupo - lutaram nas ruas da Faixa de Gaza, deixando dezenas de mortos e centenas de feridos. O conflito armado, também conhecido como "a batalha de Gaza", cavou um fosso tão profundo entre os dois rivais que os vestígios desses confrontos persistem até hoje. Até então, os palestinos eram governados pela Autoridade Nacional Palestina (ANP), criada nos anos 1990 para ser um órgão de governo temporário de todos os territórios palestinos.
O conflito entre Hamas e Fatah aconteceu após a última eleição para o Conselho Nacional Palestino, em 2006. Em janeiro de 2006, o Hamas venceu a maioria das cadeiras para o Conselho Nacional Palestino, o que daria ao grupo o controle na formação do gabinete de governo e de ministérios. Tudo isso acirrou a rivalidade entre o Hamas e o Fatah, que dissolveu o Conselho Nacional Palestino ficando com o controle da ANP na Cisjordânia - onde tinha sua maior base de apoio. O Hamas é considerado um grupo terrorista por Israel e por potências como os EUA, o Reino Unido, países da União Europeia, o Japão e a Austrália. Em alguns casos, somente o braço armado do grupo é considerado terrorista. O Fatah, por sua vez, é um partido secular e o maior grupo dentro da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), principal representante dos palestinos antes da criação da ANP. A OLP é uma organização política e militar laica, formada em 1964 por diversos grupos políticos, incluindo o Fatah, para representar o povo palestino - que desde a criação de Israel, em 1948, não tinha conseguido participar ativamente das discussões sobre o seu destino, explica o historiador Magno Paganelli.A OLP foi criada com o apoio da Liga Árabe, explica Paganelli, organização internacional que representa os países árabes. O nome Fatah é um acrônimo inverso da tradução árabe de Movimento de Libertação Nacional Palestino. O partido foi formado em 1959 — pouco mais de uma década depois da guerra árabe-israelense de 1948 — por ativistas da diáspora palestina, entre eles o ex-presidente Yasser Arafat. Embora originalmente o Fatah tenha optado por combater o governo israelense usando a via armada, o partido começou a buscar vias diplomáticas na década de 1980, o que finalmente levou aos Acordos de Oslo - que propunham uma solução para o conflito com o estabelecimento de dois Estados.
A posição em relação à solução de dois Estados é uma das principais diferenças entre os dois grupos. O Fatah reconhece a existência do Estado de Israel e pede que Israel cumpra a resolução 242 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que estabeleceu a retirada das tropas israelenses dos territórios ocupados em 1967 durante a Guerra dos Seis Dias. Nessa guerra, Israel ocupou a península do Sinai, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, a Faixa de Gaza e a maior parte das Colinas de Golan, triplicando o tamanho do território sob seu controle. O Hamas, por sua vez, não reconhece o Estado de Israel. O Fatah tem o controle político da Autoridade Palestina (AP) cujo líder, Mahmoud Abbas, é reconhecido internacionalmente como o presidente palestino. Enquanto o Fatah se define como um partido político secular aberto a negociar com os israelenses e participar nos fóruns internacionais, o Hamas continua usando a via armada para lutar contra a ocupação israelense dos territórios palestinos para criar um Estado islâmico. Alguns observadores avaliam que Israel se beneficiou da divisão política que existe entre o Hamas e o Fatah, e que até a encoraja para "enfraquecer o inimigo".
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