Henry Acosta passou dias, semanas, meses, anos conversando com comandantes e guerrilheiros de base em seus territórios, em reuniões, individualmente, em grupos e em mesas de negociação, buscando chaves para formular propostas que levassem à paz. E isso foi alcançado com o governo Santos. Foi o economista Henry Acosta quem entregou a carta ao presidente na qual Alfonso Cano, então comandante das FARC, expressava a disposição da guerrilha de iniciar as negociações de paz com o governo. Este foi o início de um diálogo que durou mais de sete anos, que Henry Acosta testemunhou desde o primeiro dia e que finalmente se materializou em 26 de setembro de 2016, no Teatro Colón, em Bogotá.
Os guerrilheiros que chegaram à mesa em Havana já estavam contaminados pelo narcotráfico e pela mineração ilegal como fonte de financiamento para a guerra. A questão não foi discutida abertamente, mas seus efeitos foram sentidos logo depois, quando os chamados grupos dissidentes começaram a se organizar, devastando algumas regiões do país. Agora, sem qualquer véu político, ficou claro que a guerra é pelas rotas da cocaína e pelo comércio de ouro. Quando isso aconteceu? Henry Acosta explica nesta conversa com Juan Manuel Ospina.
Henry Acosta: Eles viviam de sequestros. Os sequestros eram o que lhes dava dinheiro. Durante o segundo mandato de Álvaro Uribe, as FARC começaram a achar que sequestros eram muito caros. Disseram que tinham que designar cerca de 25 combatentes para proteger alguém por quem receberiam 100 ou 200 milhões de pesos, e isso acabou sendo muito caro porque às vezes durava seis meses ou um ano, e às vezes ninguém aparecia para pagar a libertação.
Então, decidiram que sequestros não seriam mais seu ponto forte e adotaram o imposto sobre aqueles que produziam cocaína, maconha, heroína e ouro ilegal, que é e continua sendo o mais importante.
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